A Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) demitiu o padre Luiz Augusto Ferreira da Silva, apontado como servidor fantasma do órgão. A decisão foi tomada pelo presidente da Casa, o deputado Hélio de Sousa (DEM), e publicada no Diário Oficial nesta segunda-feira (20/07). O pároco tem 120 dias para apresentar recurso.
Procurado pela reportagem, o padre não foi localizado para comentar o caso.
Além da exoneração, o órgão determinou que o padre devolva os valores recebidos indevidamente, mas não precisou qual o montante. No último dia 6 de junho, o padre afirmou que seria preso se fosse condenado a restituir os valores recebidos durante todos os anos em que esteve no quadro de servidores da Assembleia, valor que segundo o MP, chega a R$ 18 milhões. “Eu não tenho, vou ficar preso então. Não tenho nada para oferecer. O dinheiro está com essas pessoas”, disse.
As investigações mostraram que o padre está no quadro de servidores da Assembleia desde 1980. Porém, desde que foi ordenado como sacerdote, em 1955, deixou de cumprir suas funções no poder público, mas continuou recebendo o salário, que atualmente é de R$ 11,8 mil bruto.
Na ocasião, ele justificou que usa o pagamento que recebe para ajudar outras pessoas. "Sou funcionário efetivo e fiz uma opção para ganhar um salário da Assembleia um pouquinho maior, hoje de R$ 7,3 mil líquidos. Pago Ipasgo [plano de saúde para servidores públicos estaduais] para as pessoas doentes que eu cuido e sobra R$ 6,3 mil para comprar algum alimento para eles", diz.
O juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública Estadual, Eduardo Tavares dos Reis, já havia determinado o bloqueio dos bens do padre no valor de quase R$ 12,5 milhões. A Justiça já descobriu que ele tem cerca de R$ 86 mil reais em uma conta bancária e dois carros. Com a decisão do magistrado, o padre não pode mais fazer transferência bancárias e nem vender os veículos.
Justificativa
Luiz Augusto alegou no último dia 8 de junho que nunca ganhou salário como padre e que não tem "carro nem celular". "Tenho 35 anos de Assembleia. Se eu me aposentar, com a graça de Deus, vou usar esse dinheiro para cuidar dos pobres, dos que precisam, o ano que vem", revela.
Conhecido por arrastar multidões às suas missas, Padre Luiz foi admitido em 1980 na Assembleia Legislativa e, segundo a denúncia feita pelo Ministério Público, teria recebido até agora, R$ 3 milhões sem prestar os serviços pelos quais foi contratado. Porém, o montante a ser devolvido, segundo o MP, pode aumentar por conta de juros e multas.
O promotor de Justiça Fernando Krebs, responsável pelo caso, disse que a justificativa do padre de usar o dinheiro para ajudar outras pessoas não o isenta da situação irregular.
"Ele, como funcionário da Assembleia, tem que prestar serviço na Assembleia e não para a igreja católica na sua paróquia. O fato dele fazer caridade é louvável, mas ele tem que fazer isso com o dinheiro dos seus fiéis, da sua igreja e não com o dinheiro público", pondera.
Fonte: G1 Goiás